Uma das questões que seguidamente nos é colocado e justamente em saber de nossas raízes, filiação etc. religiosas no Brasil e fora dele. É uma questão bem difícil de ter uma resposta absoluta, mas é importante não só para dizer aos demais sobre as nossas origens , mas acima de tudo sabe para termos o mínimo de segurança de que não estamos participando de uma farsa ou equivoco para tal estou aqui colocando em anexo um síntese de nossas raízes bom dia a todos! Avievodun Onkoçofé!

Keribetan Nanã Buruku   

Templo de Umbanda Caboclo Ibirapuera.

Dirigente – Toy Vodunnon Legacy. Luiz Carlos Canabarro Machado –

Nomes Iniciáticos: Oniken Lode, Legbacy e Fajaire; (cultos de Orixá de vodun e de Ifá)

Datas e fatos importantes e referentes às iniciações do zelador e dirigente.

Cargos:

Vodunon (zelador de vodun) no Kerebetan Nanan Brukun e Dirigente do Templo de Umbanda Caboclo Ibirapuera sitos à Rua Fernando Martinho de Souza, 45. Jardim Carandaí – Rio Caveiras – Biguaçu, CEP 88161-592 – Santa Catarina.

Babalorixá (zelador de orixá) da Casa Africana Nanã Buruquê – rito batuque jeje do Rio Grande Do Sul – Rua Conde de Porto Alegre, 1118 – Santana do Livramento- Rio Grande do Sul. (Até 1979).

Bori com Iya Sumabé em 01 de maio de 1988.  Foi agregado ao Ilê de Oxum e Oya – Aguas do Abaeté – São Paulo.

Oluponan no Ilê de Oxum e Oya – Águas do Abaeté. Suspenso por Omulu em 16 de agosto de 1989 na Rua Dom Manuel da Ressurreição, 88 –  Vila Cursinho -São Paulo – SP. 04134-030.

Coordenador de assuntos religiosos UNIFRO – SC. (No exercício das funções)

Iniciações:

Em 07 de agosto de 1970 recebe o Odu e Ejé e o Idekar (obrigação de 07 anos de iniciado e a chancela para ser iniciador na Casa Africana Ogum Taiwó – Vila Santana, Viamão – RS, Iniciadora Olga do Ogum Taywo (Olga dos Santos Lima). Iniciada  sua vez por  João Correia de Lima  – Babalorixá Joãozinho do Bara Ajelu (Bara Biyi ) – Rito batuque Jeje.

Em 01 de maio de 1988 faz a cerimônia de “retirado da mão de Vumbe” pelo falecimento de sua iniciadora, em 19 de agosto de 1989 e na festa de Olugbaje em 20 de agosto do mesmo mês outorgado o cargo de Oluponan, Supremo Sacerdote de Exu, suspenso pelo vodun Omulu  no Ilê de Oxum e Oya Águas do Abaeté.

Em 20 de janeiro de 1971 – faz a cerimônia de cruzamento (iniciação completa) na Tenda de Umbanda São Jerônimo em Santana do Livramento – RS.

Nome dos templos que dirige; Kerebetan Nanan Brukun e templo de Umbanda Caboclo Ibirapuera.

Rua Fernando Martinho de Souza, 45 – Loteamento. Jardim Carandaí, Bairro Rio Caveiras– Biguaçú. SC.

Cerimônias Públicas – aos domingos à tarde e conforme calendário específico.

Telefone (48) 991929233.

Ritos: Batuque Jeje, candomblé Jeje Savalu e Umbanda.

Filiação Religiosa do zelador; Vodun Legba, Òrànmíyàn e Nanan Brukun Ritos jeje Savalu e batuque; na Umbanda, Caboclo Imbirapuera (Ogum Mege), Pai Cipriano da Tesoura e Exú Tranca-Ruas.

Meus orixás e voduns no candomblé::

  1. Vodun Legba, 2 Nanan Brukun  3. Sakpata Ajunsun (come com Yemoja e Oxaguian), 4. Oranmian, 5. Osun Iyeponda (fundamento com Oxóssi, Oya e Ogun), 6. Oxaguian, 7. Oya Igbale Adaganibara, 8. (Ere Iji Opé (Palmeirinha de Ogum), 9. Tobossi Naé Gorejí.

Ancestralidade e informações básicas

Sobre a Nação Jeje

Os jejes como já eram chamados pelos nagôs, à nação jeje-mahin, do estado da Bahia, e a jeje-mina, do Maranhão, derivaram suas tradições e língua ritual do ewê-fon, ou, e suas divindades centrais são os voduns.

As tradições rituais jejes foram muito importantes na formação dos candomblés com predominância iorubá. A palavra jeje vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos.

O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul.

O termo Savalu, na verdade, vem de “Savê” que era o lugar onde se cultuava Nanã.

Nossa casa é na maioria de rito Jeje Savalu uma vez que o vodun tutelar é Nanan Brukum.

O zelador  do Kerebetan* Nanan Brukun – Toy Voduno Legbacy foi iniciado por Mãe Olga do Ogum Taywó (falecida) no rito Batuque Jeje da bacia do Pai Joãozinho do Bará Agelú de Porto Alegre – Rio Grande do Sul.

Em 07 de agosto de 1970 recebe o Idekar (obrigação de 07 anos junto com  a chancela para ser um iniciador) na Casa Africana Ogum Taiwó, Morro Santana, Viamão, RS  Iniciadora Olga do Ogum (Olga dos Santos Lima) que por sua vez  teve como zelador  João Correia de Lima – Joãozinho do Bará Agelú (Bara By ) – Rito batuque jêje.

Em 01 de maio de 1988 fez a cerimônia de “retirado da mão de Vumbe” pelo falecimento de sua iniciadora, com a zeladora Iya Sumabé (Laura da Silveira) em São Paulo, filha Pai Talambe de Ode, neta de Iya Talade de Oxum essa humbona no candomblé Posum Beta e bisneta de santo do Babalosayin e Babalorixá Manoel Victorino dos Santos – Manuel Falefá t’ Nànà em 1949; do terreiro de candomblé do Possun Bèta, jeje na Rua da Formiga, Salvador, Bahia. Manuel Falefa foi iniciado por um dahomeano com um nome (Lò), nossa língua ritual em parte é Ewe-fon, Yoruba e outros dialetos sudaneses; sofremos algum tipo de influência de outras casas, etnias ou mesmo nação.

Ki Vodun bakun fun ó Possum Beta!

 

Em agosto de 1988  recebe o Oye (cargo) de Oluponan (supremo sacerdote de Exu)  no Ilê de Oxum e Oya Águas do Abaeté.

O falecido pai Talambe Ode informou que o Posum Beta é jeje dahome e Manuel Falefa por sua vez informava que o Jeje sofreu muitas influência de outras etnias e que podemos ser mina popo, mais isto não importa qual Jeje que seja Dahomé, savalu ou mina popo.

Babalorixa Talambê de Odé.

Edésio Granato mais conhecido como Pai Talambê (1934 – 2001) foi um artista plástico brasileiro. Nasceu em São Paulo, capital, em 1934. Dedicou-se, com destaque, à pintura de Orixás e motivos africanos, especialista também em esculturas, em especial de máscaras. Expôs suas obras em diversas partes do Brasil e do mundo, tendo sido apoiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

Também foi um Babalorixá tendo fundado o Ilê Axé Olofacosin. Após uma contenda com sua iniciadora- Iya Talade de Oxum, passou a ser zelado por  Mãe Stella – Ode Kayode, no Ilê Axé Opô Afonjá, a qual em 1998 criou o Aramefá (seis conselheiros de Odé) em seu terreiro. Faleceu aos 05 de fevereiro de 2001. Seu filho Marcos Granato o sucedeu como babalorixá. Também é pai de Lauryen Granato a Iakekerê da Casa e do Ulisses Granato (o primogênito).

Umbanda tradicional

(Este culto está em reestruturação pratica no presente, na nossa casa)

Em 20 de janeiro de 1971 – faz a cerimônia de cruzamento (iniciação completa) na Tenda de Umbanda São Jerônimo a Rua Conde de Porto Alegre s/n em Santana do Livramento sob direção da chefe de terreiro da senhora  Maria Saraiva  filha espiritual de Xangó Agodo e mãe Maria Redonda.

Documentos correlatos

 

UNIÃO DE UMBANDA DO RIO GRANDE DO SUL- DEPARTAMENTO DE CULTO AFRICANO: Matrícula 63. Reconhecendo a casa Nanã Boruque em 06 de novembro de 1974: Porto Alegre RS.

REINO BENEFICENTE PAI 7 – Certificado que comprova que “é pessoa plenamente capacitada para exercer funções sacerdotais no rito africano”. “em 07 de janeiro de 1984”. Santana do Livramento- RS.

Aspectos importantes dos rituais que praticamos (Informações básicas)

O Batuque

Batuque é um termo genérico aplicado aos ritmos produzidos à base da percussão por frequentadores de cultos cujos elementos mitológicos, axiológicos, linguísticos e ritualísticos são de origem africana. O batuque é uma religião que cultua doze orixás10 e divide-se em “lados” ou “nações”, tendo sido, historicamente, as mais importantes as seguintes: Oyó, tida como a mais antiga do estado, mas tendo hoje aqui poucos representantes e divulgadores; Jeje, cujo maior divulgador no Rio Grande do Sul foi o Príncipe Custódio; Ijexá, Cabinda e Nagô, são outras nações de destaque. Nota-se que o Keto esteve historicamente ausente no RS, vindo somente nos últimos anos a se integrar por meio do candomblé.

Vale aqui registrar que a origem do termo “jeje” é bastante problemática. Lorand Matory, por exemplo, sintetiza uma série de autores que tentam esclarecer o “mistério” em torno deste conceito e propõe a hipótese de que se trata de uma construção transatlântica, ou seja, um nome aplicado pelos comerciantes e donos de escravos — alguns retornados, em suas idas e vindas entre Brasil, Cuba e Golfo da Guiné — “a todos os africanos que eles consideram seus parentes, apesar de ser pouco provável que esses ‘parentes’ assim se identificassem inicialmente” (Matory, 1999:64).

O Batuque do Rio Grande do Sul – Uma religião de Orixás

Texto de autoria de Alexandre Honorato Custódio:

“Batuque é uma forma genérica de denominar as religiões afro-brasileiras de culto aos Orixás, encontrada principalmente no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, de onde sua diáspora se estendeu para outros estados e países vizinhos tais como Uruguai e Argentina.O batuque é fruto cremos que dos povos oriundos África de regiões onde hoje se situam Nigéria e o Benim. Aqui sendo adotado por povos que chegaram oriundos de outras regiões onde hoje se situa a Costa da Guiné.

Divindades:

O culto, no Batuque, é feito exclusivamente aos orixás, sendo o Bará (Exu) o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, pois este é o orixá da comunicação, e encontra-se no seu assentamento em todos os terreiros. Os principais orixás cultuados são: Bará, Ogum, Oiá-Iansã, Xangô, Ibeji (que tem seu ritual ligado ao culto de Xangô e Oxum), Odé, Otim, Oba, Osanha, Xapanã, Oxum, Iemanjá, Nanã, Oxalá e Orunmilá (ligado ao culto de Oxalá). E há também divindades que nem todas as nações cultuam como: Gama (ligada ao culto de Xapanã), Zína, Zambirá e Xanguín (qualidade rara de Bará). Apesar de considerarem muitas divindades Voduns, sabemos que os Iorubas já vieram cultuando estes Vodun que atualmente se encontram no Batuque como Orixás, assim como Johson registra em seu livro “The History of the Yorubas” pub em 1895, que Xapana e outras divindades Vodun já eram cultuadas por eles.

O Batuque possui centenas de casas e inúmeros praticantes e adeptos.

O Batuque Possui:

– Rituais próprios para feitura e desligamento.

– Jogo Próprio.

– Cozinha ritualística própria adaptando o que temos no Sul como oferendas à divindade.

– Assentamentos, Paramentos e ferramentas próprias para cada divindade.

– Orins próprias.

– Disposição dos Orixás dentro do quarto de santo

– Divindades que são cultuadas dentro do templo e fora dele

Em comum em todas as tradições do batuque vemos:

– Xangô (Rei em quase todas as Tradições): Rei de Oyo. Oyo nos dias de hoje, Cidade Na Nigéria onde o Alafin líder religioso e político acredita-se ser descendente direto. O que não quer dizer que o batuque possui ligação com a religião praticada lá.

– Kassum (Balança): Mesmo nos lados onde Xangô não é o rei a balança é feita entre suas orins (cantigas/rezas) sendo ele quem deve julgar a Obrigação.

– Rituais (oribibo, bori, etc.): guardando as diferenças em todos os lados seguem mais ou menos os mesmos passos.

– Orins (Rezas cantigas, chamadas de rezas por alguns adeptos, mas não são rezas, são apenas cantigas): Praticamente as mesmas, guardando também algumas diferenças.

– Sequência Toque: Praticamente as mesmas, guardando também algumas diferenças.

A de se fazer um adendo para o Oyo Ibomina onde há uma diferença maior quando a sequência em que os orixás são dispostos no toque. Bom, os povos que aportaram no Rio Grande do Sul vindos das regiões citadas acima não desceram aqui com um culto formado mais fica claro que o panteão Iorubá é o panteão adotado pelo batuque para a formatação culto.

As diferencas existem sim, mas não tão marcantes para caracterizar cada tradição como uma nação religiosa. Como vemos no candomblé como Ketu (Orixá), Angola (Inkisis) e Jeje (Vodun) quanto as divindades cultuadas . Nossas diferenças são mais de cunho familiar (qualidades diferentes de Orixás, métodos adotados na feitura, sequência como são saldadas as Divindades(Orixás) etc..).

Deixando claro que no Sul não existe somente o batuque, temos outras formas de culto para outras divindades como Os Voduns, Inkisis etc. Que também são divindades africanas mais pertence a outro panteão que não o Ioruba e possuem ritos e oferendas próprias.”

Erick Wolff sobre “Nações”

“Nos diversos segmentos religiosos afro-brasileiros” todos querem legitimar-se afirmando que sua “nação” é originalmente oriunda de solo africano, desta ou aquela região, iniciado por fulano ou ciclano cujo nome jamais poderá ser checado, supostamente nascido na África.

É louvável o desejo da legitimação africana, se não fosse ilusório.

Todas as nações religiosas afro-brasileiras, de todos os segmentos, nasceram no Brasil, são afro-brasileiras, não são africanas, não representam nenhum Estado ou Cidade africana, não praticam nenhum culto na forma tradicional africana mesmo que possuam nomes de cidades africanas em suas definições afro-sociais. É verdade que foram formadas por elementos de matrizes africanas aqui repensadas e reestruturadas, mas estas heranças culturais e religiosas não fazem de nenhuma nação de religião afro-brasileira uma nação pura africana…

A nação afro-brasileira de Kétu refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não à cidade yorubá africana de Kétu, localizada no Dahome. (José Beniste)…A nação afro-brasileira Angola refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não ao país africano de Angola… A nação afro-brasileira Jeje refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, batuque ou tambor de mina. Segundo o professor Reginaldo Prandi (USP), não existe nenhuma nação política denominada “jeje” em solo africano. O mesmo vale para a nação religiosa afro-brasileira “nagô”…

A nação religiosa afro-brasileira kambina, do batuque, refere-se a uma nação religiosa criada e estrutura aqui no Brasil, tanto quanto as outras, e não à alguma cidade ou nação na África. Se as outras aqui formadas são legítimas para o Brasil, a kambina também é.

Comentário de Hùngbónò Charles:

Nota-se pelo esclarecimento do autor, que ao nos referirmos à religião denominada Batuque do Rio Grande do Sul, está falando de uma religião onde a cultura yorubá e culto de suas divindades – Os Orixás – são a base e a estrutura da mesma, com alguma ou outra influência dos daomeanos “jejis” e/ou de suas divindades voduns. Analisamos diversas subdivisões dentro do Batuque do RS, denominadas Kanbina (muitos consideram Cabinda, no entanto não há evidências de sua procedência com a região de Cabinda no continente africano, nem mesmo cultuam divindades bantu), Oyó (e Oyó Igbomina), Jeje (cultua igualmente Orixás, atribuída esta raiz a Custódio Joaquim de Almeida, o qual se acredita ser o príncipe do antigo Reino de Benin, no entanto há divergências históricas quanto a esta figura; vide https://ocandomble.com/2016/02/01/o-principe-custodio-de-xapanasakpata-erupe-e-seu-culto-nago/ , Ijexá e Nago;

A ocupação ou manifestação do orixá é tida como tabu e não deve ser comentada.

No Batuque não existem divisões de cargo tal como existe no Candomblé, no entanto há uma hierarquia que segue:

Babalorixá e Iyalorixá – respectivamente o Pai e a Mãe de Santo; muito embora alguns sacerdotes atuais usam nomenclaturas como Voduno ou Gayaku, tais nomenclaturas não fazem parte nem são utilizadas de maneira correta para se referir aos cargos sacerdotais do Batuque;

Alagbé – é aquele que toca e canta os orins;

Pronto com faca e búzio – é aquele que já é mais velho e já passou por todas as obrigações, análogo ao Egbomi do candomblé;

Pronto – Já passou pelas obrigações, no entanto ainda não ganhou direito à faca nem aos búzios;

Borido – aquele que realizou apenas o Borí;

“Cabeça-lavada” – é a pessoa que passou apenas pelo Omieró, o ato de lavar a cabeça com ervas.

Batuque da Nação Jeje do Rio Grande Do Sul.

Batuque da Nação jeje, assim como a Cambinda adotou o panteão Yorubá dos Orixás que são os mesmos de Ijexá, sendo muito comum as casas jeje – Ijexa.

Muitos sacerdotes da nação Jeje do batuque desconhecem a palavra vodun, embora se tenham relatos de culto a algumas destas divindades antigamente. Os descendentes do Pai Joãozinho de Bará (Exu By) são os que mantem firme as tradições desta nação como o uso dos agdavis em seus rituais chamado “Jeje de pauzinhos”. O assentamento de Ogum é semelhante ao vodun Gu no Daomé e vodun Awagan, (Avagan), assim como pessoas iniciadas para Dan e Sogbo.

As cerimônias se iniciam com a parte jeje com cânticos no dialeto fongbe e a dança aos pares (simbolizando o par da criação Mawu-Lissa) e o toque com as varinhas e, depois a parte Yoruba com rezas tradicionais do batuque.

Alguns representantes desta nação; Mãe Chininha de Xangô, Príncipe Custódio de Xapanã, João Corrêa de Lima (Joãozinho do Exú By) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina, Pai Betinho de Xapanã, Zé da Saia do Sobô, Loreno do Ogum, Olga de Ogun Taywo, Nica do Bará, Alzira de Xangô, Pai Pirica de Xangô; Mãe Dada de Xangô; Leda de Xangô; Pai Tião de Bará; Pai Nelson de Xangô, Pai Vinícius de Oxalá, Teta da Oxalá entre outros.

O candomblé Jeje

No Brasil, chegaram principalmente Minas (povos da Costa da Mina, de origem Mina e Popo), os Mahis (povos camponeses de origem Fon, Ewe e Gan), os Savalus (também de origem Fon – Ewe), povos de Aladá, Uidá e os próprios Adjas. Esses diferentes povos de diferentes línguas e costumes estabeleceram seu culto no Brasil, sob o nome de Nação Jeje, baseando-se no culto aos Voduns e formando várias ramificações, dentre as quais se destacam:

Jeje Dahomey: é a forma de culto estabelecida pelos povos adjas, seu culto baseia-se principalmente na reverência aos Voduns Reais (dirigentes do Dahomey), Voduns da família de Hevioso (voduns do trovão, juntamente com os tòvoduns ou voduns aquáticos) e Voduns da família de Dan (serpentes). Os dirigentes do Dahomey tinham um conflito quanto ao culto de Sakpata, que tinha os títulos de Jòholú (“Rei das Joias”, aludindo ao fato de ser o dono das chagas) e Ayinon (“Dono da Terra”), títulos estes que o rei também possuía, o que levou ao culto de Sakpata ter sido banido da capital e não existir no Jeje Dahomey. Orixás/Voduns Nagôs, não são cultuados nesta ramificação. O terreiro que representa esta nação é o Terreiro do Pinho (Hunkpame Dahomey) situado em Maragojipe na Bahia. As línguas faladas são o adjagbé e o ewegbé.

Jeje Mina: o Jeje Mina tem seu culto voltado à adoração real dos voduns de Abomey. Isso porque a fundadora deste culto (presente unicamente na Casa das Minas, pois nas demais casas de Tambor de Mina, o culto é Mina Jeje-Nagô, com influências yorubás) era a Rainha Nã Agontimé. “Adandozan também é retratado como incompetente – como comandante e guerreiro – e como um traidor da família real, pois teria vendido sua madrasta, a rainha Nã Agontimé, aos traficantes de escravos. Pesquisas realizadas por Pierre Verger sugerem que Nã Agontimé teria sido enviada como escrava a São Luis do Maranhão – onde foi renomeada como Maria Jesuína – e seria a fundadora da célebre “ Casa das Minas”. Pierre Verger ainda cita: “A Casa das Minas teria sido fundada pela rainha Nã Agontime, viúva do Rei Agonglô (1789-1797), vendida como escrava por Adondozã (1797-1818), que governou o Dahomey após o falecimento do pai e foi destronado pelo meio irmão, Ghezo, filho da rainha (1818-1858). Ghezo chegou a organizar uma embaixada às Américas para procurar a sua mãe, que não foi encontrada.” A Casa das Minas cultua os Voduns dirigentes e nobres do Dahomey, inclusive Zomadonu, que é chefe da Casa das Minas, juntamente com Nochê Naé, a ancestral mítica da Família Real.

Jeje Mahi: Os Povos Mahi eram camponeses, tinham seu culto voltado, principalmente a Dan Gbé Sén (Bessém, este termo significa “adorar a vida” e dangbésén significa “serpente que adora a vida”) e aos voduns de sua família, e também aos voduns da família de Hevioso ou Kaviono, e os voduns da família de Sakpata. Voduns reais e Eguns não são cultuados. Tem influências nagôs e em seu panteão adotou-se alguns Orixás, formando a família Nagô-Vodun, formada principalmente por Ogun ou Gú, Odé, Oyá, Òsún e Yemanjá. O culto trazido pela africana conhecida como Ludovina Pessoa, natural de Mahi, iniciada para o vodun nagô Ogun, que foi escolhido pelos voduns para fundar três templos na Bahia. Ela fundou o “Zoogodo Bogun Malé Hundo”, mais conhecido como “Terreiro do Bogun”, consagrado a Hevioso e o “Zoogodo Bogun Sejá Hundê”, mais conhecido como “Kwê Sejá Hundê”, consagrado a Bessém. O templo que seria consagrado a Azansú Sakpata não chegou a ser fundado. Dizem os antigos que o Ogum de Ludovina se chamava “Ogum Rainha” ou “Ogum da Rainha”, podendo supor que ela seria uma integrante da família real ou mesmo uma rainha do território Mahi. No Rio de Janeiro, o Kpo Dagbá é o grande representante desta nação, fundada pela africana da cidade de Aladá, Gaiaku Rosena, iniciada para o vodun Bessém. Em Jeje Mahi se cultuam Voduns, cujas origens e características se assemelham aos orixás Yorubás, e alguns tiveram origem de culto dos mesmos (um exemplo é Gú que tem origem de culto do orixá Ogum). Voduns que tiveram vida terrena e que possuem sepulturas – como os reais de Dahomey – e Eguns (akútùtós) não são cultuados em Jeji Mahi. A causa disso é que Gbesén (Bessém), o dono da Nação, ser um vodum estreitamente ligado à vida e à renovação.

Jeje Modubi: O Jeje Modubi tinha como representante o “Bitedô” e a chamada “Roça de Cima”, ambos liderados por Tixareme e também por Ludovina Pessoa. O que difere o Modubi do Mahi, é que no Modubi o culto a eguns é muito presente e no Jeje Mahi isso é quizila.

Djedje – jeje é uma palavra de origem yoruba que significa estrangeiro, forasteiro e estranho; que recebeu uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos povos conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército. Segundo a história, quando os conquistadores eram avistados pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme “Pou okan, djedje hum wa!” (olhem, os jejes estão chegando!). Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como escravos, aqueles que já estavam aqui reconheceram o inimigo e gritaram “Pou okan, djedje hum wa!”; e assim ficou conhecido o culto dos Voduns no Brasil “nação Jeje”. A nação Jeje pode ser dividida em vários segmentos dependendo da origem. Assim temos o Jeje-Mahi, Jeje Dahomey,  Jeje Savalu, Jeje Modubi, o Tambor de Mina (Jeje Mina) encontrado, e no Maranhão, onde também se encontra o segmento Jeje-Fanti-Ashanti.

Jeje Mahi (Djedje Maxi)

Os mahis cultuam voduns que se relacionam diretamente com os orixás e deles tiveram origem de culto na África, e de sua região mahi.

Assim comumente ouvimos “sou de Xangô de um filho de Sógbó”.

Eguns e voduns que tiveram vida terrena como os reais do Dahomey não são cultuados em Mahi, todos os antepassados da casa são reverenciados saudando-se e ofertando-se ao vodun Ayizan, que sempre está a frente da casa principal (Ayizan, que em Mahi, é vista como esposa de Legba e ligada a terra, a morte  e aos ancestrais). Os Voduns de Jeje-Mahi são aqueles que assim como os Orixás, não possuem sepultura, são antepassados míticos.

O Vodum que representa a Nação Jeje Mahi é Gbesen (Bessém).

O Jeje-Mahi foi fundamentado no Brasil pela africana Ludovina Pessoa, da cidade de Mahi. Segundo a tradição ela foi escolhida pelos Voduns para fundar três terreiros:

Zòogodo Bogum Malé Hundò ou Terreiro do Bogum, para Hevioso.

Zòogodo Bogum Malé Seja Undè ou Kwe Seja Undê para Dan.

E o outro para Ajunsun Sakpata que não se sabe por que não foi fundado.

Jeje Modubi

Tem o culto fundamentado para os Akututos (Eguns), segmento onde reina o Vodum Azonsun.

Jeje Savalu

Este é o rito que em sua maior parte é usado no Kerebetan Nanan Brukun se segue; com influência yorubá e, como o jeje mudubi e também cultuados os akúùtós.

Savalu ou Savalou é uma cidade da República do Benim, localizada no Departamento de Collines a uns 70 quilômetros da cidade de Dassa-Zoumé onde existe o Templo Dassa-Zoumé dedicado a Nanã Buruku.

Conceito de vodum.

O vodum  [vodṹ]) da África Ocidental, também chamado vudu ou vodu, é uma religião tradicional da costa da África Ocidental, da Nigéria a Gana. “Vodun” é a palavra nas línguas gbe (Fon-Ewe) para “espírito”] É uma religião distinta das religiões animistas tradicionais do interior desses países, embora guarde semelhanças com religiões resultantes da diáspora africana no Novo Mundo como o vodu haitiano, o vudu da República Dominicana e Porto Rico, o candomblé jeje e tambor de mina no Brasil, o voodoo da Louisiana e a santería de Cuba, que são sincretizadas com o cristianismo e as religiões tradicionais africanas dos congos, do rio Congo e de Angola.

A palavra “vodum” pode significar tanto a religião quanto os espíritos cultuados nessa religião. A grafia “voodoo” é a mais comum na cultura popular estadunidense. O vodum é praticado pelos Ewe, Kabye, Mina, Fon, e (com um nome diferente) pelos povos iorubás do sudeste do Gana, sul e centro do Togo, sul e centro do Benim, e sudoeste da Nigéria. A palavra vodún (pronunciado vodṹ – ou seja, com um u nasal em um tom alto) é o termo Gbe (Fon-Ewe) para a palavra espírito.

Teologia e prática.

Os fundamentos da descrição vodum do universo centram-se em torno dos espíritos voduns e de outros elementos da essência divina que governam a Terra, numa hierarquia que varia em poder das divindades mais importantes, que regem as forças da natureza e da sociedade humana, aos espíritos individuais de árvores e rochas, bem como a dezenas de voduns étnicos, defensores de um determinado clã, tribo ou nação.

Os voduns são o centro da vida religiosa, de modo semelhante à intercessão aos santos e anjos na Igreja Católica, o que fez o vodum parecer compatível com o cristianismo, especialmente com o catolicismo, e produziu religiões sincréticas como o vodu haitiano. Os adeptos também enfatizam o culto dos ancestrais e sustentam que os espíritos dos mortos vivem lado a lado com o mundo dos vivos. Cada família de espíritos tem o seu próprio sacerdócio feminino, às vezes hereditário, quando é de mãe para filha de sangue.

Existem diferentes padrões de culto da religião com vários dialetos, deuses, práticas, canções e rituais. O vodum reconhece um Deus com muitos ajudantes chamados voduns. Um único criador divino, chamado diversas vezes Mawu ou Nanã Buruku, é um ser andrógino que, segundo a tradição, gerou sete filhos, dando, a cada um deles, o domínio sobre um aspecto da natureza. O criador encarna um princípio dual no qual Mawu e Lisa (a lua e o sol) são, respectivamente, os aspectos feminino e masculino, muitas vezes retratados como os filhos gêmeos do criador.

Na prática religiosa afirmamos que o vodum (espirito) pode ser concebido como;

1-Primordial; os que estavam presentes e atuantes na formação do universo,

2-Ancestrais de cada clã – os que personificam uma determinada força da natureza em uma localidade e se identifica com um grupo étnico,

3- Heróis divinizados podem ser civilizador e pelo que se crê tiveram origem histórica (semelhantes a orixás).

Os itens 1 e 2 acredita-se que atuavam já antes do surgimento dos grupos humanos.

Já o item 3 teria origem nos tempos pré e históricos da humanidade.

Segundo os estudos históricos e sociais, a maioria dos voduns foi levada para o Benim nos processos migratórios, ou à força, nas épocas de conquistas entre reinos vizinhos em África.

Foi assim que os cultos dos Voduns, chamados hoje em dia tradicionais, nasceram a partir de um longo processo de legitimação. Esse processo de legitimação iniciou no século XVII e acompanhou o processo de identidade étnica e nacional.

No Kerebetan são cultuados os seguintes voduns:

Mawu – é feminino é o Ser Supremo dos povos Ewe e Fon.

Lissá – que é masculino, e também corresponsável pela criação.

Nanã – considerada por todos os do Culto Vodun como a grande Mãe Universal

Fa – vodun da adivinhação e do destino.

Averekete (no Jeje Mahi e no Jeje Mina) ou Afrekete (no Xambá), vodun celeste da família dos voduns ligados ao trovão e ao fogo (Heviossô).

Contudo, vive na beira do mar, no lugar onde as ondas quebram formando a espuma branca, sendo assim um vodun ligado às águas salgadas. Desse modo, relaciona-se tanto com os voduns celestes (Ji-vodun) quanto com os voduns aquáticos (Tó-vodun).

Jovem, adolescente. Sua natureza é alegre e espontânea. É carismático e comunicativo.

Gosta de pescar. Como pescador, rege o trabalho, o sustento e a prosperidade.

Loko – é o primogênito dos voduns, no Brasil é da gameleira branca, dono da joia da nação jeje, do hungeve

Legba – o caçula de Mawu e Lissá, das entradas e saídas e a sexualidade.

Shoroque – Vodum guardião

Ayizan – vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.

Agbê –  vodun dono dos mares.

Otolu – vodum da caça (um dos caçadores)

Agué vodun da caça e protetor das florestas.

Gu – vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.

Sakpatá – vodun da  das doenças e da varíola.

Possun vodun do po e da terra seca, representado pelo tigre.

Bessem –  das águas doces em Abomey e Ouidah, do qual é patrono.

Frequem –  vodum que representa a polaridade feminina de Bessem

Dan –  vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.

Dangbé –   Serpente sagrada é o espírito de Vodum Dan.

Dambala – vodum reflexo do arco iris

Heviossô – vodun que comanda os raios e relâmpagos.

Bade – vodun dos meteoritos do fogo que vem dos altos

Sogbô vodun do trovão da família de Heviossô.

Naê ou Mami Wata – femininas das ezins jeçuçu águas doces

Azii Tobossi  – ezins  jevivi  são as  das águas salobres.

Aziri Tolá – vodun das águas doces.

A classificação do panteão Vodun

Legbá, por ser aquele que “a tudo está ligado”, tem ligações com todos os voduns, sendo o wensagún (mensageiro) entre eles. Na tradição africana podemos encontrar vários grupos ou clãs de voduns, sendo Legbá pertencente a todos estes clãs.

Há os Voduns da terra encabeçados por Sakpatá, conhecidos também como Ayi-voduns, e há os voduns do alto ou do céu encabeçados por Heviosò ou Xebyosò, e Mäwü-Lisà conhecidos também como Ji-voduns. 

Destes dois grandes grupos pode-se fazer outras subdivisões, e ainda existem outras divisões a parte assim tem:

* Os sò-voduns (voduns do raio), liderados pelo Vodun Heviosò/Sògbó;

* Os tò-voduns (voduns das águas), liderados pelo Vodun Xú;

* Os zùn-voduns (voduns das florestas), a exemplo de Aziza e Agè (Agué);

* Os Atinmɛ̀-voduns (voduns do interior das árvores), a exemplo de Lökö e Zonodo ou Azawonodo;

* Os tó-voduns (voduns de uma determinada aldeia, povo ou reino);

* Os Hε̆nnù-voduns (voduns de uma determinada família ou clã), cada um liderado pelo seu Hε̆nnùgán (patriarca);

* Os jono-voduns (voduns estrangeiros), a exemplo dos anagonus (Oxun, Yemanjá, Ogun, Oyá (ou Avesan em Abomey), Odé, etc).

No Brasil, porém, podemos nos deter a três divisões básicas se tratando do jeji mahi:

* Dan ou Família da Serpente, incluindo todos os voduns serpentes e que são liderados por Dangbè ou Gbèsén;

* Heviosò/Kaviono ou Família do Trovão, que inclui todos os ji-voduns, sò-voduns e tò-voduns e que são liderados pelo vodun Sògbó.

* Sakpatá ou Família da Terra, que inclui todos os ayi-voduns e azon-voduns (voduns doentes) e os jono-voduns e que são liderados pelo vodun Azonsú ou Azansú.

No Kerebetan são também cultuados todos os orixás reverenciados no Brasil ( exceto Logunede)  e também os encantados. (Mina Jeje).

Parte fundamental do culto jeje é o transe, que o concebemos como excorporção. Diferente do que pode ocorrer nos cultos da Umbanda e outros que é a incorporação.

Nossos cultos públicos ocorrem normalmente aos domingos às 15 horas, sempre mediante publicação prévia.

Em todos os cultos e práticas espirituais vedamos o uso de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas!

Esperamos ter prestado algumas informações e conceituações sobre a nossa casa e cultos!

Em 03 de outubro de 2020

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